Publicado por novaescola
Objetivo(s)
Criar
um ambiente adequado para o trabalho de arte visual.
Ano(s)
Ensino Fundamental I
Tempo estimado
O ano todo.
Material necessário
Tintas,
papéis, pincéis, sucatas, um carrinho e caixas.
Desenvolvimento
1ª etapa
Comece
pensando nas possibilidades de reorganização do espaço para a aula de Arte,
considerando o uso de carteiras e paredes. Explore também outras áreas,
lembrando que é possível desenhar na areia, pintar sobre ladrilhos, riscar o
cimento com giz e compor desenhos no chão com as folhas caídas de uma árvore.
2ª etapa
Utilize
um carrinho para transportar tudo de uma sala para outra. Pode ser um carrinho
de supermercado adaptado ou, ainda, uma caixa com rodinhas.
3ª etapa
Para
evitar que a aula deixe "rastros", tenha à mão panos e jornais.
Combine, ainda, que todos usem uma camiseta velha ou um avental na aula.
4ª etapa
Ajude
os alunos a se familiarizar com o ateliê, ordenando os materiais por tipo
(lápis e canetinhas de um lado, papéis de outro). Para incentivá-los a
compartilhar, forneça copos descartáveis para dividir a tinta.
5ª etapa
Providencie
um espaço para a apreciação montando uma grande bancada com mesas ou um varal
para expor trabalhos.
6ª etapa
Pergunte
o que é preciso fazer para que tudo fique arrumado e limpo no fim: lavar
pincéis, jogar jornais sujos fora, guardar a tinta que sobrou, reorganizar
carteiras, pendurar trabalhos prontos etc. Organize grupos e responsabilize
cada um pela realização de uma dessas tarefas.
Avaliação
Avalie
como os alunos lidam com a nova organização da sala e os materiais, verificando
se devolvem tudo ao lugar e limpam os instrumentos adequadamente. Se nem todos
tiverem finalizado suas produções, guarde-as para que possam continuá-las na
próxima aula de ateliê.
http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/atelie-na-sala-de-aula
ARTE
NO ENSINO FUNDAMENTAL
Jusamara Souza
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1. A importância da Arte
na escola
Para se entender o ensino de Arte na escola,
é necessário refletir sobre a tarefa da arte
na sociedade contemporânea. Em que sociedade
vivemos? Que conceitos de arte
sobrevivem? Quais são as definições atuais de
arte? Quando falamos de arte e sociedade,
sobre qual concepção de arte e de sociedade
falamos? Existe uma arte específica para uma
determinada cultura? Ou para uma determinada
classe social? A tradicional divisão entre
arte popular e arte erudita ainda
corresponderia à realidade? O que seria arte erudita? Ou o
que seria uma arte popular? A arte popular
não é para ser levada a sério? Serviria apenas
para distrair o leitor/consumidor/ouvinte?
Onde se estabelece o limite entre arte e não arte?
Algumas definições de arte
As definições mais conhecidas de arte,
segundo Luigi Pareyson, poderiam ser
reduzidas a três: a arte concebida como um
fazer, como um conhecer e como um exprimir.
O autor adverte, porém, que “estas diversas
concepções ora se contrapõem e se excluem
umas às outras, ora, pelo contrário, aliam-se
e se combinam de várias maneiras” (apud
FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 102).
Na concepção de arte como fazer, destaca-se o
seu “aspecto executivo, fabril,
manual”, ou seja, arte como técnica,
predominante na Antiguidade, quando, praticamente,
não havia “distinção entre a arte
propriamente dita e o ofício ou a técnica do artesão” (ibid.).
A segunda concepção, que interpreta a arte
“como conhecimento, visão,
contemplação”, entende-a “ora como a forma
suprema, ora com a forma ínfima do
conhecimento, mas, em todo caso, como visão
da realidade: ou da realidade sensível na
sua plena evidência, ou de uma realidade
metafísica superior e mais verdadeira, ou de uma
realidade espiritual mais íntima, profunda e
emblemática”. Segundo Pareyson, “o fato de se
haver acentuado o caráter cognoscitivo e
visivo, contemplativo e teórico da arte contribuiu
para colocar em segundo plano seu aspecto
mais essencial e fundamental que é o
executivo e realizador, com grave prejuízo
para a teoria e prática da arte” (apud Ferraz;
Fusari, 2009, p. 104).
Já a terceira concepção de arte, advinda do
Romantismo, considera que “a beleza da
arte” consiste “não na adequação a um modelo
ou a um cânone externo de beleza, mas na
beleza da expressão, isto é, na íntima
coerência das figuras artísticas com o sentimento que
as anima e suscita” (ibid., p. 102).
No decorrer do tempo, as concepções de arte
como expressão se multiplicaram e se
aprimoraram. Nas concepções atuais de arte,
estão presentes as contribuições da Filosofia,
da Sociologia e da Antropologia para o
deslocamento do foco das teorias estéticas não mais
sobre a obra de arte, mas sobre as relações
que as pessoas criam com os objetos e
produções artísticas.
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Considerando a arte como um produto e
construção sociocultural, Pareyson destaca
que
(...) a arte não é somente executar,
produzir, realizar e o simples ´fazer´ não basta
para definir sua essência. A arte é também
uma invenção. Ela não é execução de
qualquer coisa já ideada, realização de um
projeto, produção segundo regras dadas
ou predispostas. Ela é um tal fazer, que
enquanto faz, inventa o por fazer e o modo
de fazer. A arte é uma atividade
na qual execução e invenção procedem pari passu,
simultâneas e inseparáveis, na qual o
incremento de realidade é constituição de um
valor original. Nela concebe-se executando,
projeta-se fazendo, encontra-se a regra
operando, já que a obra existe só quando é
acabada, nem é pensável projetá-la
antes de fazê-la e, só escrevendo ou
pintando, ou contando é que ela é encontrada e
é concebida e é inventada (PAREYSON apud FERRAZ;
FUSARI, 2009, p. 105).
Se arte é invenção, para Ferraz e Fusari
(2009), ela é também “produção, trabalho e
construção” já que a arte inclui “o artista,
a obra de arte, os difusores comunicacionais e o
público” (p. 56). Segundo as autoras, a
concepção de arte está diretamente relacionada
“com o ato de criação da obra de arte, desde
as primeiras elaborações de formalização
dessas obras até em seu contato com o
público” (p. 56).
Uma obra de arte é feita para ser vista,
consumida, difundida no mundo cultural e
num determinado contexto histórico-social.
Por essa razão, a obra artística só se completa
“com a participação do espectador”,
que recria “novas dimensões dessa obra a partir do seu
grau de compreensão da linguagem, do conteúdo
e da expressão do artista” (FERRAZ;
FUSARI, 2009, p.56).
O principal sentido da obra de arte estaria,
portanto, na “sua capacidade de intervir
no processo histórico da sociedade e da
própria arte e, ao mesmo tempo, ser por ele
determinado, explicitando, assim, a dialética
de sua relação com o mundo” (FERRAZ;
FUSARI, 2009, p. 107).
Funções sociais da arte
A arte hoje tem muitas definições. Ela não é
mais vista no sentido clássico da arte do
belo (SCHOPENHAUER), mas é também considerada
em suas funções sociais. Para que
serve a arte? Que funções se colocam para a
arte na sociedade em que vivemos? A arte
teria uma tarefa que iria além de ela ser ela
mesma? Seguiria ela o mesmo princípio
proposto por Gertrude Stein, “a rose is a
rose is a rose” poder-se-ia se dizer: arte é arte é
arte e nada mais?
Como lembram Ferraz e Fusari (2009, p. 101),
“a arte está intimamente vinculada ao
seu tempo, não podemos dizer que ela se
esgote em um único sentido ou função. É por isso
que, ao buscarmos definições para as artes,
podemos esbarrar em conceitos até
contraditórios e que foram incorporados pela
cultura”. Ao procurar definir o conceito de
música, por exemplo, Bohlman escreve:
Música pode ser o que
pensamos que seja: ou pode não ser. Música pode
ser sentimento, sensação,
sensualidade, mas também pode não ter nada a
ver com emoção ou sensação
física. Música pode ser aquilo para o qual
alguns dançam ou fazem
amor: mas, tal não é necessariamente o caso.
Em algumas culturas há
categorias complexas para pensar sobre música,
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em outras, parece nem
haver a necessidade de especular sobre música,
contemplando-a (BOHLMAN,
1999, p. 17).
O que se espera da música hoje? O que
milhares de pessoas esperam é poder
relaxar, buscar o prazer, ou mesmo utilizá-la
com fins terapêuticos. Música, nessa direção,
tem o efeito de uma droga leve: ela ajuda a
sair de um momento ruim, dá um consolo
fugitivo, por permitir que se saia de si
mesmo por um momento, como acontece nas festas
raves ou na trance-music.
Na necessidade da arte ou, entre os objetivos
da arte colocados por Platão (políticoideológico)
a Stockhausen (espiritual-terapêutico),
existe, portanto, um amplo leque de
possibilidades no qual a sociedade utilizou e
utiliza a arte para diversos fins, inclusive os não
artísticos. Assim, as artes também tornam-se
um campo vasto de produções.
Objetivos do ensino de
Arte
Pensar sobre os sentidos e funções da arte
conduz necessariamente ao
conhecimento do próprio processo artístico,
que, como mencionado, inclui
produtores/artistas/autores; as
obras/produtos artísticos; as formas de
comunicação/distribuição/difusão e suas
relações com o público/plateia/apreciadores
(FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 57).
A disciplina Arte deve garantir que os alunos
vivenciem e compreendam aspectos
técnicos, criativos e simbólicos em música,
artes visuais, teatro, dança e suas
interconexões. Para tal é necessário um
trabalho organizado, consistente, por meio de
atividades artísticas relacionadas com as
experiências e necessidades da sociedade em que
os alunos vivem.
A arte pode favorecer a formação da
identidade e de uma nova cidadania de
crianças e jovens que se educam nas escolas,
contribuindo para a aquisição de
competências culturais e sociais no mundo no
qual estão inseridos. O objetivo a que se
propõe o ensino de Arte, em toda a sua
especificidade prevista na forma de lei, é essencial
para a construção da cidadania. O ensino de
Arte trata de relacionar sentimentos, trabalhar
aspectos psicomotores e cognitivos, planejar
e implementar projetos criativos e se engajar
emocionalmente neles, num permanente processo
reflexivo. Talvez mais que em outras
disciplinas, no ensino de Arte, os alunos são
obrigados a entrar em contato consigo
mesmos, quando, por exemplo, criam uma
coreografia, realizam um jogo teatral, interpretam
uma música ou apreciam um quadro. Isso não é
nada menos do que formar a sua própria
imagem de mundo, compreender a realidade.
Revelar o potencial criativo para o
desenvolvimento como ser humano, ampliar a
capacidade de julgar e agir, ter
responsabilidade, tolerância, consciência dos valores são
alguns dos outros objetivos dessa disciplina.
Diante da complexidade presente nas escolas,
como problemas de violência, dificuldades de
concentração e interesse dos alunos pelas
aulas, as tarefas dos professores de Arte
parecem crescer nesse espaço. Efetivamente, a
arte pode ajudar nas diversas formas de
trabalhos coletivos por meio dos quais os alunos,
em grupos ou em equipes, podem definir eles
mesmos objetivos e, depois, chegar a
resultados que foram trabalhados em conjunto.
As competências de trabalhar em equipe,
assumindo partes de tarefas independentes
como a experiência de grupos vocais e
instrumentais ou grupos teatrais e de dança,
são competências que estão relacionadas com
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a metodologia de trabalho na área de Arte.
Mas a arte permite também um trabalho
individual que discute a tolerância, o
exercício para com o outro. Esse trabalho pode
promover a autoconfiança e a coragem de se
mostrar. Geralmente, essas competências são
ignoradas na escola, aparecendo em momentos
pontuais e como decoração do ambiente.
O campo das arte é visto como um campo
teórico-prático. Ao invés de consumir
grandes quantidades de conhecimento escolar,
que será esquecido logo após as provas, o
ensino de Arte reivindica para si, através de
um trabalho prático, orientado para a ação,
ancorar o conhecimento sensorial que envolve
todos os sentidos: visão, tato, olfato, audição,
gustação. Onde o ensino tradicional promove o
pensamento linear, causal, a arte oferece o
pensamento em rede, discursivo e trabalha com
a inteligência emocional. A tentativa é a de
superar um discurso modernista em que
razão/sentimento, corpo/alma são tratados de uma
forma dicotômica.
Em resumo, o campo das artes oferece aos
alunos oportunidades de realmente
aprenderem para a vida. Isso ocorre porque o
ensino de Arte oferece um espaço de
experiência. Quem é artisticamente criativo
pratica o exercício da livre escolha. Aqueles que
constroem modelos aprendem a redesenhar o
futuro, procuram novas soluções, exercitam
suas faculdades críticas na leitura de mundo.
Vale ressaltar que essas competências
deveriam estar no foco de toda a escola e
não apenas no ensino de Arte e seus métodos,
pois, caso contrário, o ensino de Arte pode
se tornar uma ilha criativa no conjunto de disciplinas
escolares, deixando pouco espaço para
uma aprendizagem orientada para a ação e para
a compreensão por meio dos sentidos,
uma aprendizagem vivencial. Aprender, nesse
caso, significa sempre vincular questões de
interesse da área com o interesse dos alunos.
3. Questões básicas para o
ensino de Arte
Qual tem sido a realidade das escolas no
ensino de Arte? Com a aprovação da Lei
9394/96, várias práticas de ensino de Arte
foram adotadas. Levando em conta os poucos
profissionais com habilitação na área, a
pouca formação específica dos professores
regentes de classe, o pouco interesse e
conhecimento das escolas, bem como os escassos
recursos para a área, muitos professores
ainda têm dificuldades em operacionalizar os
objetivos propostos nos documentos
curriculares sugeridos pelo MEC.
Considerando que o tempo escolar e o tempo de
aula são limitados e que existem
saberes mais ou menos importantes, a tarefa
da didática e da organização de diretrizes
curriculares é responder ao que deve e pode
ser ensinado, isto é, que situações e
problemas crianças e adolescentes vão
confrontar. Os conteúdos de Arte nos Parâmetros
Curriculares do Ensino Fundamental são
propostos com base em três eixos norteadores:
apreciação, produção e reflexão. Os eixos são
diferenciados, apoiados nos objetivos de
compreender como a arte é constituída, criar
e inventar novas realidades e pensar a
produção artística presente na realidade.
Em relação ao primeiro objetivo, trata-se de
compreender qual realidade construímos
com o mundo estético, quais influências tem a
arte na nossa visão pessoal e social de
mundo, como fazemos nossas experiências nas
artes e quais conhecimentos adquirimos.
Para tal, o eixo inclui as questões da
percepção, da cultura, da semiótica, das condições
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formais e estruturais dos diferentes meios de
comunicação, da interpretação de imagens e
obras de arte, das análises críticas de
textos teatrais.
Em relação ao objetivo de criar e inventar,
trata-se de oferecer métodos, técnicas e
estratégias para a formação e a criação de
ambientes estéticos, de experiências
perceptivas, ou seja, imagens, objetos,
músicas, peças e jogos teatrais que podem ser
produzidos. Visam ao desenvolvimento da
criatividade. O objetivo de ensar as produções
artísticas existentes diz respeito à
compreensão de como determinados meios foram
utilizados e que formas de arte estão disponíveis
no acervo cultural da humanidade, que
influenciaram e influenciam o mundo.
Essa organização mostra que as aulas de Arte
não se resumem a pintar um quadro
ou cantar uma “musiquinha”. Projetos
envolvendo arte e mídias, história da arte, elaboração
de roteiros para filmes e outros campos
interdisciplinares são considerados. De uma forma
sucinta, os documentos apresentam alguns
exemplos de conteúdos que podem ser
trabalhados indicando como as intersecções
entre eles podem ser feitas.
Se de um lado esses parâmetros consolidaram,
no país, a transição dos currículos
produzidos durante o regime militar para
currículos mais democráticos, por outro, as novas
direções propostas tiveram algumas
dificuldades na implantação de estruturas do sistema
escolar. Em geral, quem quer realmente fazer
um bom trabalho em Arte nas escolas não
consegue fazê-lo sem uma boa dose de
dedicação e de engajamento pessoal. Isso pode ser
traduzido em inúmeras horas extras, em
trabalho noturno e em finais de semana.
Professores de Arte concordam que todas as
séries do Ensino Fundamental deveriam ter
como requisito mínimo duas horas por semana
de aulas de Arte. Na prática, ainda são
poucas as escolas públicas que conseguem
manter um oferecimento regular e qualificado
na área de Artes. A diminuição da carga
horária das aulas de arte e a dificuldade dos
professores em manter a disciplina como parte
integrante do currículo contrastam com as
tarefas cada vez mais abrangentes com que
eles se defrontam em decorrência da
ampliação do conceito de arte.
Hoje sabemos que devemos entender arte como
um fenômeno social e em sua
diversidade de manifestações. O fenômeno da
hibridização cultural (GARCIA CANCLINI,
2000) se faz presente também no campo das
artes, e é preciso trazer essa questão quando
se fala na permanência e na perpetuação de
determinados repertórios. A chamada música
clássica seria, por exemplo, uma das músicas
disponíveis no acervo cultural da
humanidade. Precisamos formar plateias para
as diversas músicas entendendo que o
trânsito entre elas está cada vez mais
fluente.
A variedade de possibilidades de conteúdos
que o ensino de Arte oferece reflete-se
também nos métodos que podem ser aplicados.
Entre eles Arte-educação; Ensinando
através
da arte; A experiência estética cotidiana; História da arte ou
Multiculturalidade.